terça-feira, 10 de março de 2009

Do hipertexto aos sistemas LMS

Do Hipertexto aos Sistemas LMS
Quando Vannevar Bush, em 1945, preconizou a construção de um sistema com as características do seu Memex, reagia assim já à necessidade cada vez maior de permitir o acesso a uma base de conhecimento cujo volume tornava impossível o seu domínio apenas por um indivíduo ou pequeno grupo de indivíduos (Bush, 1945).
Posteriormente, Theodore Nelson, nos anos 60, apresentou o termo Hipertexto, para se referir a um novo conceito de organização não sequencial e associativa de acesso à informação escrita, tendo como suporte o computador (Nelson, 1965). De uma forma genérica, no caso da educação, o hipertexto permite aos alunos consultarem o conteúdo de grandes obras de forma não linear, de acordo com as suas necessidades e estilos de aprendizagem.
Os sistemas de hipertexto, estão na origem do que actualmente designamos por sistemas hipermédia, onde a informação deixa de ser apresentada apenas como textual, para ser apresentada em formato multimédia (áudio, vídeo, imagem, gráficos), e também aqui de consulta não necessariamente linear.
A utilização dos sistemas hipermédia na educação, não é algo de novo, e tem sido alvo de vários estudos sobre as vantagens e impactos na forma de pensar o ensino. Alguns autores apresentam a utilização dos sistemas hipermédia na educação como forma de potenciar modelos construtivistas, onde o aluno é responsável por construir o seu próprio conhecimento. Os sistemas hipermédia apresentam-se como ambientes de aprendizagem coerentes com um paradigma educacional que focaliza a aprendizagem numa perspectiva construtivista (cf. Dias & Meneses, 1993:90).
Este novo paradigma educacional assume como objectivo da educação e formação, a interacção e manipulação directa da informação e do conhecimento por parte dos alunos. Os sistemas hipermédia, são excelentes ferramentas para armazenamento, manipulação e processamento da informação. A este nível, são apresentadas novas potencialidades aos sistemas de ensino com o desenvolvimento dos sistemas hipermédia distribuídos, suportados pelas redes mundiais de computadores, de que é caso paradigmático o serviço World Wide Web da Internet, cujas características hipertextuais o tornam um "Memex" partilhado e distribuído.
O desenvolvimento contemporâneo de sistemas hipermédia interactivos tem vindo a afirmar-se como um factor fundamental na reformulação do pensamento no domínio da comunicação educacional, com particular evidência para a reorganização do espaço tradicional de interacção entre o professor e os alunos. Vários sistemas hipermédia têm sido apresentados com finalidades educacionais, e mais recentemente com ênfase para as plataformas LMS, de suporte à aprendizagem.
As plataformas LMS são aplicações educacionais destinadas ao suporte de actividades voltadas para a educação. Podem auxiliar professores e alunos no seu trabalho, além de promoverem a integração de diferentes medias e recursos. A sua finalidade é manter, de forma organizada e simples, as interacções entre pessoas e objectos de conhecimento, além de estimular a troca de ideias e a partilha de conhecimento por parte dos seus utilizadores.
Existem hoje em dia, inúmeros ambientes que reúnem recursos e actividades que permitem suportar e estruturar cursos ou disciplinas a distância. Várias empresas nos últimos anos têm desenvolvido poderosas aplicações para suporte de ambientes virtuais de aprendizagem baseados na Web, aplicações como Blackboard, LearningSpace, WebCT, Adobe Conncet Pro entre outras, têm surgido no mercado. Universidades e grupos colaborativos têm desenvolvido e apresentado as suas soluções, de uso gratuito, ferramentas como a AulaNet, Eureka, TelEduc, Moodle foram surgindo e sendo utilizadas gradativamente.
Mais recentemente, o surgimente de novas ferramentas associadas a web 2.0, provoucou uma "mudança de rumo" na utilização de plataformas LMS. Existem autores que começam a colocar a questão se ao utilizarmos plataformas LMS não estamos a limitar o acesso à informação e a sua partilha na comunidade. Alguns autores referem que o conjunto de ferramentas disponibilizadas por estas ferramentas é manifestamente insuficiente, comparando com as ferramentas disponíveis hoje em dia na Web (Valente e Moreira, 2007).
No entanto as plataformas LMS, apresentam como vantagem o facto de agregarem um conjunto de ferramentas que permitirá orientar utilizadores menos experientes. Por outro lado, pode ser vantajoso a sua utilização com alunos em situações de ambiente controlado.
Pessoalmente, tendo em conta a experiência de várias escolas em relação á utilização de plataformas LMS, penso que existe ainda muito por explorar e que o uso deste tipo de ferramentas pode proporcionar novas motivações nos alunos.
Referências:
  • Bush, V. (1945). As We May Think. Atlantic Monthly, 175 (1), 101-108.
  • Dias, P.; Meneses, M. I. (1993). Problemática da Representação em Hipertexto. Revista Portuguesa de Educação, 6 (3), 83 - 91.
  • Gomes, M. (1996). Algumas Reflexões em Torno da Fundamentação da Utilização Educativa de Sistemas Hipermedia. Revista Portuguesa de Educação, 9(2), 43-59.
  • Valente, L., Moreira, P. (2007). Moodle: moda, mania ou inovação na formação? – Testemunhos do Centro de Competência da Universidade do Minho. In P. Dias; C. V. Freitas; B. Silva; A. Osório & A. Ramos (orgs.), Actas da V Conferência Internacional de Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação – Challenges 2007. Braga: Centro de Competência da Universidade do Minho, pp. 781-790.